MINHA RUA
A rua é pequena,
meio torta,
o carro passa rápido,
as casas ficam quietas,
janelas nem piscam.
Ninguém joga bola na rua,
nem pula corda, esconde-esconde,
bicicleta, nem pensar.
Outro dia nasceu uma flor na calçada,
fiquei olhando até enjoar.
Depois a flor secou, esqueci.
Se o robô atravessasse a rua,
quem notaria? E, se a princesa
cantasse na esquina, quem ouviria?
Se o ET fizesse xixi no poste?
Às vezes, de manhã bem cedo,
vem um bando de passarinhos
na maior algazarra. Parece banda
de rock, anunciando o dia.
Nessa hora, meu coração não cabe
[no peito.
(Folha de S. Paulo, dia 8 de março de 2003)
Nenhum comentário:
Postar um comentário